A
independência dos países africanos passou por um longo processo de resistências
e lutas por parte dos africanos, tendo como contribuintes desse desenvolvimento
histórico, o movimento estudantil, os intelectuais e a participação de várias
entidades políticas como PLUA, PCA, a MPLA e o FRAIN. Nesse contexto de
independência dos países africanos, antes da formação dos grupos citados,
faltava-lhes uma unidade de organização e objetivos estratégicos para um
efetivo avanço nas conquistas de suas liberdades.
Com o
advento da Segunda Guerra Mundial, devido ao contato com os brancos, os
africanos começaram a perceber que os europeus eram tão humanos quanto eles,
pois os europeus, assim como eles, “sentiam fome, sede, medo e conflitavam-se
entre si”. Com essa experiência e os conhecimentos adquiridos em guerra,
começaram a formar movimentos de libertação. Esse sentimento anti-colonialista
adquirido pelos africanos teve reforço com os ensinamentos das escolas
europeias de que todos são iguais. E, diante dessa afirmação, os africanos
começaram a exigir o que de fato se afirmava. Portanto, esse sentimento de
liberdade, atingiu vários grupos: os sindicatos, as igrejas, os intelectuais,
os movimentos estudantis e os paridos políticos. Dentre esses movimentos, os
intelectuais foram de fundamental importância, devido suas ideias e influência
na formação de uma nova mentalidade. Nesse contexto, alguns intelectuais como Léopold
Senghor, Aimé-Césaire – criadores do movimento denominado negritude, nos anos
30 – possibilitou o intercâmbio entre os intelectuais negros, formando-se
movimentos com a “consciência” de que eram negros e que precisavam buscar seus
valores, como forma de combater os preconceitos disseminados pelos brancos.
Léopold Senghor foi defensor do socialismo aplicado à realidade africana, lutou
pelo desenvolvimento da agricultura, o combate à corrupção e manteve uma
política de cooperação com a França. Recebeu o Grande-Colar da Ordem Militar de
Sant’Iago da Espanha a 13 de março de 1975.
Outro
movimento que também desempenhou relevante importância para esse processo de
independência foi o movimento estudantil formado por estudantes africanos,
oriundos das colônias inglesas que se deslocavam para a Inglaterra e França com
o propósito de se prepararem para as atividades políticas e evitar o
isolamento. Mesmo sobre forte fiscalização portuguesa, na tentativa de evitar
movimentos estudantis, os africanos que foram estudar em Portugal, também
organizaram um movimento estudantil com o objetivo de conhecer melhor seu país
de origem. Esse movimento, que surgiu em Angola nos anos 40, chamado “Vamos
descobrir Angola” tinha como objetivo descobrir a cultura africana por meio da
antropologia, sociologia e outras áreas discursivas. Pois os estudantes
africanos acreditavam que só após formados podiam contribuir para modificar o
quadro colonial, e, para tanto, precisavam conhecer bem a cultura angolana.
Devido às dificuldades encontradas na metrópole – falta de acolhimento – os
estudantes africanos criaram a Casa de Estudantes do Império (CEI) em 1944 e o
Centro de Estudos Africanos (CEA) em 1955, em busca de relações mais solidárias.
Nessas associações, debatiam-se os problemas das colônias. Dentre esses
estudantes, preocupados em resolver tais problemas, destacou-se Agostinho Neto,
expressando sua preocupação através de seus depoimentos e poemas, os textos
poéticos de Agostinho Neto são considerados “históricos e de história”, que
documenta a existência, entre 1945 e 1956 do movimento popular de luta de
libertação de Angola; Neto sofreu várias perseguições ao longo de sua vida
política sendo preso várias vezes, e, diante desses acontecimentos, teve o apoio
de renomados intelectuais com manifestações de protestos contra a prisão de
Agostinho Neto; ocupou vário cargos relevantes, entre eles, o mais importante,
em 1975, é proclamado presidente, continuando Comandante-em-Chefe das forças
Armadas Populares de Libertação de Angola e Presidente do MPLA.
Frantz
Fanon, também foi um importante influente pensador do século XX que contribuiu
com seus estudos sobre os temas da
descolonização e da psicopatologia da colonização. Suas obras foram
inspiradoras no processo de movimentos de libertação anti-coloniais. Através de
seus estudos analisou as consequências psicológicas da colonização, entre os
dois meios – colonizador e colonizado, bem como a descolonização. É considerado
um dos fundadores do pensamento terceiro-mundista.
O movimento “Vamos descobrir Angola” foi um movimento
cultural formado por jovens negro, brancos e mestiços insatisfeito com a
literatura vigente, considerada distante da realidade, uma literatura colonial
que falseava a realidade vivenciada em Angola. Este grupo de intelectuias,
estavam dispospos em redescobrir o seu país em todos os seus aspectos, através
de um trabalho conjunto e organizado. Por meio desse trabalho, pretendia-se
estudar o passado local onde se iria buscar as verdadeiras raízes angolanas,
para poder construir a Angola do futuro.
Com
essas lutas pela independência, boa parte dos países africanos ficaram
independentes nos anos 50 e 60.
Fontes:
(Acesso:
14/07/14)
(Acesso:
14/07/14)
(Acesso:
15/07/14)
(Acesso:
15/07/14)
(Acesso:
15/07/14)
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